1°) Passagem de Vênus diante do Sol

A passagem de um planeta diante do Sol – também denominada “trânsito” - se assemelha a um eclipse no qual a Lua teria sido substituída por um planeta.

Como apenas Mercúrio e Vênus estão situados entre nós e o Sol, este fenômeno só é possível com estes dois planetas. Para Mercúrio, o evento ocorre aproximadamente 13 vezes por século, enquanto que para Vênus ele acontece de maneira excepcional e curiosa: duas vezes em oito anos para, depois, não manifestar por mais de um século. Considerando esta longa ausência, a observação da passagem de Vênus é um privilégio reservado a apenas um terço da humanidade – mesmo levando em conta o aumento da longevidade humana que tem sido considerável. Não há, evidentemente, mais nenhuma testemunha do último trânsito ocorrido em 1882 (ver quadro das datas das passagens).
Se os planos das órbitas desses planetas fossem o mesmo que o da Terra, haveria uma passagem de Mercúrio a cada 116 dias e um de Vênus a cada 584: tais durações correspondem aos períodos sinódicos destes planetas, isto é, ao tempo necessário para que eles se realinhem com o Sol e a Terra. Mas o plano de Mercúrio é inclinado em 7° (sete graus) com relação à eclíptica (“plano da órbita da Terra”), e o de Vênus em 3°23’ (três graus e vinte e três minutos). Por causa disso, as condições do alinhamento necessário para que o trânsito aconteça são rigorosas: a Terra deve estar na "linha dos nós" ao mesmo tempo em que o planeta. Veja caso ilustrado abaixo, para Vênus:



Em razão da pequenez aparente destes planetas, este fenômeno não provoca nenhum espetáculo arrebatador: o diâmetro visível de Vênus corresponde aproximadamente a 1/30 do diâmetro solar, e o de Mercúrio a 1/160; sem luneta, é impossível ver o trânsito de Mercúrio, enquanto pode-se assistir ao de Vênus a olho nu.

A OBSERVAÇÃO DO SOL SEM PROTEÇÃO ADEQUADA É PERIGOSISSIMA, INCLUSIVE COM TELESCÓPIOS: PODE CAUSAR CEGUEIRA TOTAL EM POUCOS SEGUNDOS. EM CASO DE DÚVIDAS, ABSTENHA-SE (**).