1°) Passagem de Vênus

Como a oposição de Marte, ocorrida em agosto de 2003, este evento mobilizará muitos observatórios astronômicos da Europa, Ásia e África, regiões mais povoadas do mundo, mas também aquelas onde o espetáculo será total, contrariamente ao Brasil, que assistirá apenas o final.

Uma passagem (ou “trânsito”) assemelha-se à um eclipse no qual a Lua teria sido substituída por um planeta. As passagens são, portanto relativas exclusivamente a Mercúrio e a Vênus — que estão entre nós e o Sol. Se os planos das órbitas destes planetas fossem o mesmo que o da Terra (também chamado de “eclíptica”), haveria um trânsito de Mercúrio a cada 116 dias e um de Vênus, a cada 584: estas durações correspondem aos períodos sinódicos destes planetas, isto é ao tempo necessário para que eles se realinhem com o Sol e a Terra. Mas o plano de Mercúrio é inclinado em 7° (sete graus) com relação à eclíptica, e o de Vênus em 3°23’ (três graus e vinte e três minutos). Por causa disso, as condições de um alinhamento são draconianas: a Terra deve encontrar-se na "linha dos nós" ao mesmo tempo que o planeta.Veja caso ilustrado abaixo, para Vênus:



As passagens são pouco freqüentes: em um século observa-se apenas treze passagens de Mercúrio, enquanto as de Vênus são ainda mais raras e de periodicidade curiosa — duas passagens em oito anos e, em seguida, deve-se esperar 105,5 ou 121,5 anos para ver este ciclo recomeçar.

Contrariamente aos eclipses, as passagens não são espetaculares em razão da pequenez destes planetas: o diâmetro aparente do Sol supera 30 vezes o de Vênus e 160 vezes o de Mercúrio — sem telescópio é impossível ver Mercúrio.



Embora a observação da passagem de Vênus seja praticável a olho nu, recomenda-se um cuidado especial, já que olhar o Sol sem óculos especiais pode causar cegueira em poucos segundos. Também é perigoso usar lunetas, binóculos ou telescópios não equipados de filtros solares adequados.